Wednesday 11 March 2015

Mudança na agenda económica não pode ser apenas simbólica

Intervenção no debate da sessão plenária do Parlamento Europeu sobre o Semestre Europeu de governação económica
 
O ajustamento orçamental europeu não funcionou. Pelo contrário: as políticas dos últimos seis anos levaram a grandes perdas de investimento e de riqueza. O rasto de desemprego e pobreza levará muito tempo a recuperar.

Hoje, a Europa tornou-se no doente do mundo, com um crescimento anémico e desigualdades económicas e sociais históricas, quer no seu interior quer entre os seus Estados membros.

Em contraste com a sua antecessora, há que reconhecer que a actual Comissão Europeia de Jean-Claude Juncker começa a dar sinais de reconhecer o problema e de querer avançar pistas de solução.

São sinais positivos, mas não chegam: a mudança na agenda não pode ser apenas simbólica. A Comissão terá de ser bem mais competente na gestão da governação económica no quadro do Semestre Europeu.

A Comissão tem de se colocar ao leme dessa governação económica, da agenda da recuperação e da agenda da convergência. As tendências dos últimos anos têm de ser urgentemente invertidas.

O ano de 2015 é neste sentido um ano crítico. Os cidadãos têm de sentir esta mudança para retomarem a confiança. As componentes da agenda estão na proposta da Comissão, mas o que importa é como se põem em prática. O Grupo dos Socialistas Europeus gostaria de ter ido mais além nas suas recomendações. No entanto, sobre cada um dos temas, a posição que iremos votar é clara.

É importante reconhecer a centralidade do investimento. O Fundo Juncker é um avanço positivo mas terá de contribuir não só para relançar o crescimento mas também para corrigir as desigualdades regionais de emprego. A selecção dos projectos beneficiários deverá garantir um impacto positivo nas regiões mais devastadas.

Em relação às reformas estruturais, o Parlamento recomenda uma revisão urgente do seu conteúdo e uma avaliação cuidadosa não só do seu impacto na competitividade, efectivamente, mas também ao nível social e do emprego.

Quanto à governação económica, as políticas orçamentais têm de contribuir para o relançamento: os países com margem de manobra deverão usá-la e os países em processo de ajustamento têm de poder usar a flexibilidade prevista no Pacto de Estabilidade. É importante proteger o investimento estratégico e manter a coesão social.

São seis anos de políticas erradas, que estão a provocar reacções de rejeição da Europa, que é vista em vários países como um sério problema. Há que ter consciência desta realidade e agir antes que seja demasiado tarde.

 

 

 

 

 

 

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