Friday 13 March 2015

Acordo para interconexão energética entre Portugal e Espanha tem de ser prioridade da UE

A energia é uma questão séria no contexto da União Europeia (UE). 53% da energia consumida é importada - o que equivale a um gasto anual de 400 mil milhões de euros - enquanto a electricidade na UE é 40% mais cara do que nos Estados Unidos.
Apesar destes dados - fornecidos pela Comissão Europeia - as questões da energia e do clima têm sido objecto de muita retórica e falta de sinceridade na UE: muitas das decisões tomadas pelos seus líderes não têm sido seguidas das acções necessárias para as concretizar.
Durante anos, Portugal e muitos outros países do sul acreditaram na sinceridade da agenda da União e colocaram as energias limpas - solar, eólica, hídrica, das marés - no centro das suas opções energéticas envolvendo grandes volumes de investimento.
No entanto, quando se trata de exportar, estes países não esbarram com uma montanha física, mas com a montanha da falta de vontade política de alguns países, à qual não é indiferente o peso de lobbies poderosos, nomeadamente o nuclear.
É neste contexto que o acordo concluído a 4 de Março, em Madrid, sob mediação do presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, entre Portugal, Espanha e França para a interconexão, até 2020, de pelo menos 10% da sua capacidade instalada de electricidade - 11% entre Portugal e Espanha em 2016 e 15% em 2020 - e para a criação das redes para ultrapassar esse bloqueio, constitui um passo importante.
Só espero, agora, que a Comissão Europeia e o Conselho de ministros da UE sejam tão exigentes no cumprimento deste acordo como têm sido em relação a outros bem menos justos e bem menos importantes para a Europa.
------------------------------------------------------------------------------------
De acordo com a contabilidade feita pelo meu colega francês Alain Lamassoure, só nos últimos 4 anos, a energia ocupou grande parte de sete reuniões do Conselho Europeu (as cimeiras de chefes de Estado ou de Governo da UE) com grandes efeitos de anúncio mas poucos resultados concretos:
Fevereiro de 2011 - Desenvolvimento do mercado europeu da energia
Junho de 2012 - Completar o mercado europeu da energia
Maio de 2013 - Lançamento da nova estratégia energética europeia
Dezembro de 2013 - Relançamento da nova estratégia energética europeia
Março de 2014 - Regresso à conclusão do mercado interno da energia
Outubro de 2014 - Novo pacote de energia/clima
Março de 2015 - Lançamento da união energética
 
 

No comments:

Post a Comment