O lançamento pelo BCE de um programa de compra de dívida
dos Estados para injectar liquidez na economia europeia é totalmente
justificado e Draghi tinha todas as razões, além de um mandato claro, para o
fazer: a inflação na zona euro está virtualmente a zero e é mesmo negativa em
vários países, o que significa que está muito longe do objectivo de 2% fixado
pelo BCE.
Mesmo se era absolutamente necessário, este estímulo à
economia não é todavia só por si suficiente para permitir ultrapassar a crise
económica e social europeia e terá agora de ser complementado com uma política
orçamental adequada.
Isto significa que o ajustamento das finanças públicas em
que praticamente todos os países do euro estão empenhados terá de passar a ser
bem mais inteligente do que até agora. A recente decisão da Comissão Europeia
de aplicar, finalmente, as margens de flexibilidade que já estão previstas no
Pacto de Estabilidade e Crescimento (PEC) - largamente impostas pelo Parlamento
Europeu e, em concreto, pelos socialistas - deverá permitir a definição de um ajustamento
mais sensato tanto em termos de substância como de ritmo, dando simultaneamente
mais espaço para os Estados realizarem reformas estruturais inteligentes.
A conjugação da decisão do BCE com a flexibilidade do PEC
e com o novo fundo de investimento de Jean-Claude Juncker, presidente da
Comissão Europeia, dá-nos alguma esperança de que a Europa consiga sair da
estagnação económica e destruição sistemática de empregos em que permanece mergulhada
há vários anos.
Para isso, todavia, é preciso que os Governos da União
Europeia se associem a este movimento e se decidam, finalmente, a libertar os
cidadãos do sofrimento de estarem a pagar, há tanto tempo, um preço exorbitante
por uma situação que não criaram.
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