Pergunta a Jeroen Dijsselbloem, presidente do Eurogrupo, durante um debate na Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu (ECON) - 24/2/2015
Elisa Ferreira: Muito obrigada por estar connosco. Tenho duas perguntas. A
primeira refere-se às respostas que deu quando a ECON o convidou para vir aqui
e lhe perguntámos até que ponto o presidente do Eurogrupo controla
politicamente a troika. A sua resposta então foi que, enquanto presidente do
Eurogrupo não tinha funcionários suficientes ou um secretariado para poder
negociar e seguir os detalhes (dos programas de ajuda externa) e que por isso
confiava na avaliação da Comissão Europeia.
Na semana passada, no entanto, durante a reunião do Eurogrupo, foi reportado
que a Comissão apresentou, através do comissário Pierre Moscovici, uma proposta
sobre o programa grego que o ministro grego das finanças disse que poderia
subscrever imediatamente, mas que foi, aparentemente, depois retirada e uma
nova proposta foi posta na mesa. O que aumentou a tensão e teve custos em
termos de confiança, isso foi evidente nos mercados financeiros, por causa
deste longo atraso. O que é que aconteceu? Quem é que é responsável pela gestão
da agenda? O que é que aconteceu à sua confiança na Comissão?
A minha segunda pergunta refere-se ao seguimento deste processo. Agora
haverá negociações (sobre as reformas propostas pela Grécia). É preciso
estabilizar o clima destas negociações. Até que ponto é que subscreve a frase
de Mario Draghi (presidente do Banco Central Europeu) quando disse que fará o
que for preciso para que a zona euro seja preservada - e estou a citar - e a
garantia de Jean-Claude Juncker de que uma saída da Grécia (do euro) não
acontecerá. Está isto presente em permanência na sua agenda? E qual é o
espírito para as negociações que ainda terá de conduzir no que se refere à
agenda das reformas estruturais (na Grécia)? Obrigada.
Jeroen Dijsselbloem: Obrigada. Eu disse-o antes, o papel que as instituições
desempenham é um papel de aconselhamento ao Eurogrupo. É verdade que o meu
secretariado é muito pequeno e é impossível que faça o trabalho que o Banco
Central Europeu, a Comissão Europeia e o FMI fazem conjuntamente no contexto
destes programas. Mas no fim de contas é sempre uma decisão política. Por isso
sempre que as pessoas culpam a troika, eu digo que devem é culpar o Eurogrupo,
porque é onde as decisões finais são tomadas, e são também os países que
fornecem o dinheiro aos fundos europeus. Dito isto, referiu-se a um papel que a
Comissão apresentou. Houve negociações entre a Grécia e o resto do Eurogrupo, tivemos
duas reuniões, que foram necessárias para no final se chegar a uma solução que
pudesse ser apoiada pelo Governo grego e pelos outros 18 ministros. Precisámos
desse tempo. Olhando para trás, para essas duas semanas, foram necessárias para
o Governo grego perceber qual era a posição financeira e política da Grécia.
Foi necessário falar no Eurogrupo sobre como é que poderíamos, ou não poderíamo,s
alterar o actual acordo, e o resultado é, penso, positivo. Por isso não vou
passar muito tempo a olhar para trás sobre como é que o processo decorreu, foi
necessário, foi um confronto, politicamente e também em termos de substância do
programa.
Estou totalmente de acordo com Mario Draghi e com Jean-Claude de que um
"Grexit" (saída da Grécia do euro) pura e simplesmente não está na
mesa, não é debatido, eu nem sequer prepararei qualquer pensamento sobre isso.
O meu objectivo é manter a zona euro intacta de forma mais robusta e resiliente
para trabalhar juntos e manter-nos juntos. Às vezes é difícil, e vamos
encontrar problemas, mas, todavia, manter-nos-emos juntos. Esta é a minha
posição, este é o meu compromisso.
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