Monday 20 April 2015

Vítor Constâncio confirmou que garantia comum de depósitos bancários continua na agenda do BCE

Vítor Constâncio, vice-presidente do Banco Central Europeu confirmou hoje que a garantia comum de depósitos bancários na Europa não saiu da agenda sua instituição.

Tenho sido muitas vezes muito elogiosa em relação à intervenção do Banco Central Europeu (BCE), que penso que foi a instituição que esteve mais capaz de abordar aquilo que era preciso fazer durante a crise. Hoje, no debate da Comissão dos Assuntos Económicos e Monetários do Parlamento Europeu (ECON) tive a ocasião de debater algumas questões com Vitor Constâncio, vice-presidente do BCE:

1. No que se refere à união bancária europeia:

- Sistema único de Supervisão Bancária (SSM) - alertei para o risco de que o impacto nos países periféricos de várias das exigências, incluindo de capital mas não só, "esteja a provocar um movimento excessivo de concentração bancária que não era propriamente um dos objectivos deste processo e que aumentam a fragilização do sistema".

- Mecanismo  único de Resolução Bancária (SRM) - insisti na necessidade de criação de uma rede de segurança financeira (o chamado "backstop") para o mecanismo único de resolução bancária e de uma negociação, no Conselho de ministros da UE, de "uma linha de crédito para garantir, a partir de Janeiro do próximo ano, que de facto há estabilidade no sistema bancário" 

- Garantia comum de depósitos bancários, o terceiro elemento da união bancária, que parece ter desaparecido da agenda -sublinhei que se trata de "um elemento absolutamente essencial de estabilização do mercado e que fez parte do acordo inicial" e, que por isso, e "por uma questão de credibilidade" não pode desaparecer da agenda política europeia". A minha preocupação resulta de o BCE ter estado "muito silencioso" sobre esta questão.

2. Relativamente aos desequilíbrio macroeconómicos existentes na Europa - sublinhei que neste momento não faz qualquer sentido falar em valores médios europeus, porque metade da Europa está a sofrer "uma estagnação e um desemprego brutais", enquanto a outra metade não.

Na sua resposta em inglês, Vítor Constâncio disse:

1. "Tem razão sobre a importância da união bancária e, de facto, no que disse sobre riscos de concentração do sector bancário. Ainda não aconteceram, não temos exemplos de fusões e aquisições transfronteiriças. Mas sim, diria, sendo muito cândido, que algum grau de concentração tenderá a acontecer na Europa em geral. Porque há partes da Europa em que a situação o justificaria, especialmente num momento em que assistimos a uma mudança do sistema financeiro para um financiamento no mercado. Está a acontecer e é uma causa de preocupação e criação de novo risco, mas é também benéfico na diversificação das fontes de crédito. Esta mudança está a acontecer e levará, possivelmente, a alguma consolidação".

Sobre a resolução e o backstop - "se a situação evoluir de forma a tornar esse requisito necessário, insistiremos no que foi o acordo e que a autoridade do mecanismo de resolução tente ter essa linha de crédito".

"Relativamente aos esquemas de garantia de depósitos, sim, sempre o mencionámos  enquanto terceira 'perna' da união bancária". "Insistimos nisso, mas a opção dos Estados membros foi adiar a implementação dessa terceira 'perna' da união bancária. Mas não está esquecido, não está de todo esquecido".

2. "Sobre as médias e os desequilíbrios, tem razão, tem especialmente razão sobre o desemprego, em que as divergências são enormes, mas a fragmentação em todos os outros aspectos tem sido reduzida, desde, diria, as nossas OMT" (o programa de compra de títulos de dívida dos países do euro no mercado secundário, que foi anunciado pelo BCE em Setembro de 2012)."Tem sido reduzida em termos financeiros, que tem um impacto, mas também em termos de crescimento, porque agora temos alguns países na periferia que estão a crescer ligeiramente mais do que a média. O que significa que a fragmentação mesmo nesse aspecto começa a ser corrigida. Ou seja, a situação tem melhorado e eu considero que as nossas políticas contribuíram para a redução da fragmentação na Europa".

 

 

 

 

 

 

 

 

No comments:

Post a Comment