Monday 16 November 2015

Práticas fiscais agressivas e politicamente inaceitáveis das grandes multinacionais têm de mudar!



Audição na Comissão Especial do Parlamento Europeu (PE) sobre práticas fiscais agressivas (TAXE) com 11 grandes multinacionais, que aceitaram finalmente debater as suas estratégicas fiscais. Facebook, Google, Amazon, Walt Disney, HSBC Bank, Barclays, Philip Morris International, Ikea, Coca-Cola, McDonald's e Anheuser-Busch InBev recusaram repetidamente vários convites que lhes foram feitos nos últimos meses, e só se resignaram a participar numa reunião extraordinária da Comissão TAXE depois de o PE ter ameaçado retirar-lhes o direito de entrar nas suas instalações.
Algumas conclusões provisórias e a quente:
- Quando os cidadãos estão tão penalizados com cargas fiscais elevadas, a melhor publicidade para estas empresas não seria "nós pagamos os nossos impostos"? Os cidadãos ficariam muito satisfeitos se as grandes multinacionais os ajudassem a pagar as despesas dos orçamentos de Estado. É altura de mudar o discurso e em vez de gastar dinheiro em publicidade, desenvolver uma publicidade de transparência e de responsabilidade corporativa relativamente aos cidadãos.
- Todas as empresas disseram que pagam impostos onde criam rendimento, o que é incompatível com a sua presença em paraísos fiscais com uma reduzida substância económica. Esta contradição não foi explicada.
- Há uma quantidade substancial de rendimento colectável em determinadas estruturas, como as Bermudas ou as ilhas Caimão, que não paga imposto em lado nenhum - o que cria um grande problema em termos de partilha equilibrada da carga fiscal.
- Como é que se explica que os lucros de uma empresa como o Facebook - que conta com 14 filiais e 1700 postos de trabalho na Europa - geram um imposto anual de apenas £4.000 - digo bem: 4 mil libras - no Reino Unido?
- Do lado positivo, percebemos que há a percepção nestas empresas de que as actuais práticas fiscais agressivas e politicamente insustentáveis têm de mudar.
- Empresas mostraram abertura relativamente à instituição de uma base comum consolidada em toda a UE para o cálculo da base tributável do imposto sobre os lucros (CCCTB)
- Em contrapartida, o reporte dos lucros realizados e dos impostos pagos em cada país teve um apoio muito mitigado. Empresas levantam questões sobre o possível carácter público desta informação - o que não se percebe porque esta obrigação já existe para a banca sem qualquer problema. Não pedimos que tudo seja público, apenas as informações essenciais.
- Confirmámos a necessidade de instituir uma definição comum europeia de paraísos fiscais e estabelecer a partir daí uma política comum que evite estes buracos negros no paradigma da fiscalidade internacional
- Também confirmámos que precisamos absolutamente de continuar a legislar - porque o desafio que nos foi lançado pela Google foi "façam a legislação e nós cumprimos".
- O trabalho da TAXE vai continuar!

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