O motor
anti-crise previsto na moeda única era a política monetária, mas está esgotado:
as taxas de juro estão próximas de zero e mesmo assim a economia não reage.
Neste quadro
assustador, a Comissão Europeia, ao pensar a economia para 2015, propõe uma
política orçamental neutra, não expansionista, apenas abranda a austeridade.
Perante isto, pergunto: numa zona que já não tem política cambial, tem a
política monetária neutralizada pela crise, o que mais terá de acontecer para
que a Comissão proponha uma política orçamental anti-cíclica?
O plano de
investimento de Jean-Claude Juncker é claramente bem vindo, mas infelizmente
não há estímulo artificial que compense a falta de actividade económica.
Neste momento,
olhando para o Six Pack, vemos que o que está previsto na lei é que o processo
de ajustamento se possa desviar da trajectória em três circunstâncias: se
houver um abrandamento severo da economia, se houver um choque externo que não
dependa da vontade dos Estados membros e se forem aplicadas reformas
estruturais para o reforço da competitividade. Mas verdadeiras reformas estruturais,
não cortes de curto prazo.
E eu pergunto:
tem sido isto que a Comissão Europeia tem aplicado? Não. Todos os ajustamentos
no calendário de acerto das contas públicas têm sido apresentados como uma
concessão política. Mas não se trata de nenhuma concessão política, está no
texto da lei e é sobre isto que temos de nos concentrar, é sobre isto que temos
de alterar a agenda. Porque sem economia e sem emprego não há contas públicas
equilibradas.
E esta é uma verdade que é clara desde o primeiro momento, que
foi seguida noutros blocos económicos e que a Europa se recusa a aceitar em
prol de uma ideologia que já neste momento provou que não funciona.
Por favor,
mudem a agenda.
(Intevenção no debate do Parlamento Europeu sobre "Governação económica Revisão dos regulamentos Six Pack e Two Pack")
(Intevenção no debate do Parlamento Europeu sobre "Governação económica Revisão dos regulamentos Six Pack e Two Pack")
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